Ontem, abri uma brechinha na agenda e recebi minha mãe para uma massagem terapêutica. Eu a vi um dia antes fazendo exercícios nos aparelhos de ginástica colocados pela prefeitura no Largo do Machado. Fiquei preocupada ao constatar que minha mãe de 84 anos estava fazendo tais exercícios sem orientação e com uma sacola pendurada no braço. Agora entendo porque ela se queixa tanto de dor no ombro. Além do mais, quem faz ginástica precisa de um aquecimento e de uma certa regularidade para que o corpo (e a alma) sejam beneficiados. Minha mãe é inquieta, bate perna o dia inteiro, mas, como observei à distância, a falta de cuidado com a postura durante a vida toda a fizeram prisioneira de um andar arrastado devido às dores que poderiam ser evitadas ou mesmo desaparecerem, sem mesmo a necessidade de medicação se ela tivesse despertado sua consciência corporal.
A idade não pode justificar o sofrimento. Tudo bem que o tempo causa um verdadeiro desgaste no organismo, mas hoje em dia podemos viver bem, independente da idade, se ficarmos atentos a pequenos detalhes que nos parecem insignificantes.
Adoro tratar estes senhorzinhos e senhorinhas valentes e dinâmicos, porque me faz um bem danado vê-los mais dispostos e sem dor.
Se compreendermos que uma musculatura firme e relaxada é fundamental para o équilibrio do corpo, faremos mais alongamentos, massagens, caminhadas e exercícios vigorosos de respiração, diminuindo a lista de remédios que precisamos tomar e espaçando cada vez mais nossas idas ao médico.
Deus é muito justo e sua obra é perfeita demais para aceitarmos um fim de vida com muitas dores e sofrimentos.
Somos frutos do que plantamos durante a vida. Se não respeitamos nosso corpo, não podemos esperar que a lei do retorno nos economize. Nem oito nem oitenta, será que nos é sempre tão difícil fazer esta matemática?
Hoje massageei minha senhorinha de 89 anos e 10 meses, como faço toda terça. Não canso de repetir que ganho o dia de trabalho quando ela abre os olhinhos e diz. "Já acabou? Não dá pra continuar mais um pouquinho?"
Infelizmente não adianta nada um longo período de massagem. O mais importante é a constância, a repetição do tratamento para que o corpo reconheça e aceite o benefício. A mesma constância e repetição que empregamos com comportamentos destrutivos e debilitantes. O esforço é o mesmo, mas os resultados são bem diferentes.
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