Muito interessante esta expressão interna do que somos e do que nos falta. O projeto inicial para o movelzinho sofreu algumas alterações devidas a acidentes de percursos. Quando arranquei a palhinha da porta, não sabia que teria muito trabalho para colocar o vidro pintado pretendido porque precisaria desmontar toda a porta para encaixá-lo, por isto optei pela montagem com este material emborrachado resistente que acabou por compor o Zen que minha alma tanto necessita.
Massagear este móvel, pintá-lo, pesquisar materiais para restaurá-lo e observar o resultado, remeteram-me inevitavelmente ao meu trabalho terapêutico na clínica, onde tenho a mesma preocupação quando estudo a pessoa que se deita na minha maca-divã e anseia por uma massagem transformadora e equilibrante.
Pois é, a vida tem uma maneira muito simples e fácil de nos mostrar o caminho e exige de nós apenas a capacidade de observar atentamente, analisar e fazer analogias.
O passo seguinte é ser capaz de arrancar peças velhas e empoeiradas que já deixaram há muito de fazer parte da nossa engrenagem existencial (o grande encadeamento de fatos que nos empurram para frente).
O resto, a vida providencia.
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