"Falar é superficial,por mais profunda que seja a fala.

Tocar é profundo, por mais superficial que seja o toque."

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Minha pintura é um discurso sem palavras.

Tenho minhas questões mal resolvidas com a Suiça. Vivi intensas experiências, boas e terríveis. Escrevi um   livro em francês para contar (talvez para mim mesma) estas coisas dignas de novela das oito. No entanto, os sentimentos não são catalogados, eles percorrem indistintamente e desorganizadamente os efeitos contraditórios do vivido. Palavras não alcançam tudo, palavras roçam quase nada do que experimentamos.
Mas Deus é perfeito demais para nos deixar entalados com dores ou alegrias, por isto nos deu outras vias de expressão. A pintura é um destes caminhos mágicos que nos renovam e transformam.
Passei a vida toda achando que precisava saber pintar bem para largar minhas tintas. Perda de tempo! Hoje sei que não é o resultado aparente da tela o que importa. A beleza está no contar a história que a vida coloriu na gente: começo , meio e fim, mesmo que feita de escuridão. 
Na madrugada de terça-feira, aproveitando a faxina interna de Ano Novo, desloquei do coração, com a ajuda de tintas e pincéis a minha volta da Suiça. Ainda tem muita coisa para contar, mas vou deixar que as águas geladas do lago de Lausanne, que se transformam no mar morno de Copacabana, tragam minha garrafa perdida, lotada de coisas por dizer. 

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